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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Jiu-jitsu parte 2: a origem

Acredita-se que o jiu-jitsu seja a mais antiga das formas de combate corporal existentes. Embora alguns autores considerem que a tradição da luta situa a sua origem na China há mais de 2500 anos, é majoritário na doutrina que o jiu-jitsu surgiu na Índia, no mesmo período. Apesar da controvérsia, a arte originou-se com técnicas desenvolvidas pelos monges budistas que, durante suas peregrinações de fé, eram alvos de constantes ataques de ladrões e assassinos.

Por seguirem os ensinamentos de Buda, aos monges não era permitido o uso de armas e, baseando-se na observação da natureza e no conhecimento dos movimentos dos animais, desenvolveram técnicas de defesa pessoal. Desta forma, poderiam conter os ataques dos saqueadores. Até este momento, o objetivo primordial da luta era somente a defesa pessoal.

Através da Índia e Tibete, as técnicas de autodefesa chegaram à China e, de lá, estenderam-se a diversas regiões da Ásia, até serem introduzidas no Japão (há aproximadamente 250 anos antes de Cristo), país que mais as desenvolveu.

No Japão, a nova arte esteve sempre intimamente ligada ao regime feudal, no qual os senhores tinham os seus próprios guerreiros, os samurais. Os candidatos para esses grupos seletos eram submetidos às mais duras provas e treinados na arte marcial, o jiu-jutsu. Tais guerreiros gozavam de status elevado perante o povo, pois constituíam uma casta a serviço dos senhores feudais. Sua fama era firmada em todos os lugares por onde passavam, não só por atos de defesa e segurança de determinado povoado, como também por verdadeiras atrocidades e injustiças cometidas por eles a mando dos poderosos ou em troca de dinheiro. Eles eram os únicos que podiam usar espadas e as usavam com freqüência contra o povo. Eram, também, pessoas de absoluta confiança para a defesa de territórios e outros interesses.
Durante séculos, os samurais praticaram e aperfeiçoaram o jiu-jitsu, surgindo, assim, vários estilos. Cada região tinha uma espécie de luta corpo-a-corpo, com diferentes denominações.

Todavia, o nome genérico desse conjunto de lutas era o jiu-jitsu. Cada uma delas tinha a sua própria denominação e englobava diversas técnicas, tais como: projeções, imobilizações, socos, chutes e ataques nas articulações.

No decorrer desse longo período, o jiu-jitsu teve sua filosofia de autodefesa corrompida, uma vez que, como dito anteriormente, o uso de armas (principalmente a espada) era freqüente, tornando o jiu-jitsu uma arte guerreira, já que era praticado pelos guerreiros samurais, que, ao perderem suas espadas durante as batalhas, utilizavam a arte. Nesta época, o verdadeiro espírito da luta era “vencer ou morrer, lutar até a morte”.

Durante o império de Mutsu Hito (1867-1912), a civilização ocidental chega ao Japão, que adota em pouco tempo as ciências, as artes e as técnicas da Europa. Tais mudanças atingiram diretamente os grandes lutadores de artes marciais, pois não havia mais espaço para tantas batalhas e, quando estas aconteciam, o uso de armas de fogo era mais efetivo. A abertura dos portos facilitou a entrada de armas de fogo no Japão e essa evolução tecnológica nos conflitos reduziu em muito a importância do combate corpo-a-corpo.

Apesar de sua indiscutível eficiência, o jiu-jitsu não poderia ser considerado um esporte, já que não havia regras estabelecidas e nem mesmo uma padronização pedagógica no ensino de suas técnicas, tanto no ataque quanto na defesa. De uma maneira geral, os professores tinham como objetivo principal ganhar dinheiro, não se importando com a formação de seus alunos. Aqueles que conseguiam superar todas as dificuldades iniciais se tornavam, na maioria das vezes, insuportáveis valentões.

Por volta de 1880, período de mudanças dramáticas e conturbadas, um professor de letras e ciências estéticas e morais chamado Jigoro Kano começou a se preocupar com o futuro dessa prática de luta. Assim, ele introduziu um novo estilo de jiu-jitsu. Kano era um profundo pesquisador e, ao estudar os estilos de jiu-jitsu existentes, criou bases p/ uma nova luta. Ele eliminou pontos fracos, conservou o que era indispensável, aperfeiçoou e criou técnicas. Para o seu estilo de defesa e luta, Jigoro Kano denominou judô.

O novo jiu-jitsu de Kano, além de adotar uma vestimenta própria, o gi (ou quimono), apresentava duas formas distintas: a primeira delas, que abrangia as técnicas de queda e imobilização, foi batizada puramente de judô, que evoluiu p/ o judô que conhecemos hoje. A outra parte do jiu-jitsu de Kano era conhecida com judô de autodefesa, consistindo em técnicas de pés e mãos, bem como agarramentos e chaves. Por fim, essa segunda forma de judô voltou a ser chamada de jiu-jitsu.

Com a chegada da Primeira Grande Guerra, muitos japoneses migraram para o Ocidente. O mestre Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma, viajou por alguns países, fazendo diversas demonstrações de judô. Para provar a eficiência do esporte, aceitou os mais diversos desafios dos lutadores locais, não perdendo nenhuma luta. Aluno de Jigoro Kano e altamente graduado, Maeda escolheu o Brasil para viver, chegando ao país em 1914. Inicia-se, aí, a história do jiu-jitsu brasileiro.

(Alexandre Ramalho Leite M. Castro - CREF nº. 011504-G/RJ)

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